Dubai: um ponto de parada entre o Brasil e o Japão
São quase 30 horas de viagem de ponta a ponta. Quem vem do Brasil precisa empreender uma epopeia para chegar ao Japão. Longa e cansativa, a jornada parece pedir uma paradinha e, por diversos motivos, Dubai é uma das localidades mais escolhidas para este merecido descanso entre uma viagem e outra de avião.
Capital do emirado do mesmo nome e maior cidade dos Emirados Árabes, a cidade já é um dos destinos mais badalados da rota do turismo mundial. Sua arquitetura gótico-futurística virou atração mundo a fora. Os arranha-céus da área nova da cidade fazem um imprevisível contraste com a paisagem arenosa do deserto banhado pelo Golfo Pérsico.
Para além da nova imagem que criou para si, Dubai pode ser uma experiência muito rica, em especial para quem nunca foi ao Oriente Médio. Foi uma grata surpresa parar nesta vibrante cidade e quero te dar cinco dicas para aproveitar melhor a sua parada.
Reserve pelo menos dois dias
Um stop over — parada longa entre um destino e outro — curto demais pode ser uma armadilha se você pretende dar uma descansada da viagem. Isso porque parar somente um dia em Dubai pode se tornar uma corrida contra o relógio. Há muita coisa bacana para ver na cidade e, por isso, é bom se dar um tempo maior. Dois pernoites pode ser o ideal para quem quer apenas ter um refresco na longa jornada, com uma boa pitada de experiência local.
Burj Khalifa, o maior edifício do planeta é um marco de Dubai.
(imagem: Roberto Maxwell)
Metrô ou táxi?
Dubai é uma das poucas cidades caras do mundo em que essa dúvida tem um peso real. Não que os dois meios de transportes tenham preços equivalentes. Mas existem argumentos fortes para o uso do metrô e do táxi na cidade.
A capital dos Emirados Árabes tem a maior rede de metrô do Oriente Médio, formada por duas linhas com um total de 49 estações e quase de 75 km de extensão. A rede atende algumas das principais áreas da cidade e é um bom e rápido meio de locomoção. Existe um tíquete que permite viagens por 1 dia (e inclui, ainda, os ônibus e o VLT) qu custa 20 dirrãs, cerca de 20 reais. (Atentaram para o detalhe da conversão? É quase um por um.)
0:15 | VLT de Dubai
(imagem: Roberto Maxwell)
Táxis, porém, são muito baratos em Dubai, pelo menos em comparação com outras cidades no mesmo patamar. Uma corrida de 12 km entre o Dubai Marina Mall e o Atlantis, que fica na ilha Palm Jumeirah, saiu por cerca de 28 dirrãs, ou seja, 28 reais. Mas, e aí? Se o metrô é bom, por que optar pelo táxi? Bem, o metrô e ainda é pouco extenso. Por exemplo, a Palm Jumeriah não tem extensa cobertura de transporte público. O monotrilho que liga a ilha ao continente é caro (custa 20 dirrãs cada viagem). No caso de ir a lugares mais distantes ou se você não está sozinho, pode ser que o táxi valha muito a pena. Calcule o preço da sua rota aqui e faça a escolha.
Atlantis, The Palm, um dos resorts mais conhecidos de Dubai.
(imagem: Roberto Maxwell)
Gastronomia de nível internacional
Circula muito dinheiro em Dubai. Profissionais do mundo inteiro são recrutados para trabalhar na cidade, muitos deles recebendo excelente remuneração. Além disso, a Dubai tem se vendido como um destino de luxo e, com isso, atrai turistas de alto poder aquisitivo. Este é o ambiente ideal para o desenvolvimento de uma cena gastronômica exuberante. Grandes chefs do mundo inteiro estão marcando presença em Dubai, transformando a cidade numa excelente oportunidade para quem quer comer bem e de forma variada. De cozinhas estreladas do ocidente até a espetacular culinária do Oriente Médio, Dubai te dá uma excelente oportunidade para provar o que há de melhor em gastronomia.
Beef Wellington, prato assinatura do chef londrino Gordon Ramsey no Bread Street & Kitchen, um dos melhores restaurantes de Dubai.
(imagem: Roberto Maxwell)
Sob o sol do deserto
Não é surpresa para ninguém: Dubai é quente. O clima é o tropical árido e as temperaturas passam facilmente dos 35 graus. Sem exagero. Estando lá a gente consegue entender porque praticamente tudo está sob algum teto refrigerado, até os pontos de ônibus.
Tem gente que aproveita o calor como desculpa para não botar as caras na rua e cair nas compras. Não seja essa pessoa. A Dubai sob o sol é bem mais interessante. Porém, é sempre bom estar preparado. Uma toalhinha para secar o rosto é essencial. Se você não tem a sua de estimação, aproveite a do hotel. Mas não deixe de sair sem o item.
Além disso, tente levar consigo uma garrafinha com água. De preferência, térmica e com boa resistência ao calor. Manter-se hidratado é essencial já que o clima é seco também. E você vai perceber, ainda, que usar óculos de sol nunca fez tanto sentido. Vai por mim.
Dubai Velha é essencial
Numa análise muito superficial e baseada na observação, podemos dividir Dubai em duas zonas bem distintas: a Dubai nova — aquela que a TV não se cansa de mostrar — e a antiga, com seu mais de um século de história. Para quem gosta de conhecer os lugares pelas entranhas, Dubai Velha é o lugar. Foi neste estuário, conhecido em inglês como Dubai Creek, que a cidade se desenvolveu. Ali, funcionava o único porto da localidade, além de ser a base para o comércio de pérolas e de pescado.
Temperos: a base da culinária do Oriente Médio nos souk de Dubai.
(imagem: Roberto Maxwell)
Na Dubai Velha ficam os souk (mercados tradicionais), com seus tecidos, temperos, ouro e outras mercadorias. São eles que atraem a maior parte dos turistas. Também é a parte da cidade em que é possível ver as construções tradicionais do local, muitas delas recém-restauradas ou em processo de restauração. São edificações simples mas que dão uma sensação real de se estar num lugar ímpar.
No entanto, o que mais me impressionou foi a intensa movimentação dos abra, pequenos barcos de passageiros que custam somente 1 dirrã. Turistas dividem as embarcações com a gente local, uma excelente oportunidade para ter um encontro com a diversidade neste que é um dos países com a maior percentagem de imigrantes no mundo. Aproveite muito o passeio no abra e admire também a paisagem à beira do canal.
0:18 | Um passeio de abra em Dubai Creek
(imagem: Roberto Maxwell)
Fui a Dubai sem muitas expectativas e confesso que foi uma grata surpresa. A cidade me pareceu uma excelente oportunidade para conhecer melhor um pouco da cultura dos povos árabes, para além dos estereótipos que são reproduzidos sobre a região. E, claro, não deixa de ser um pit stop conveniente para quem deseja dar uma descansadinha na longa viagem entre o Brasil e a Terra do Sol Nascente.