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Subida ao Monte Fuji: uma experiência inesquecível


Monte Fuji por Marcel Kato

Símbolo do Japão, o Monte Fuji é um dos pontos do país que os estrangeiros mais querem visitar. No verão, a imagem mais conhecida da montanha, do cume coberto de neve, desaparece. Nem assim o Fuji perde seu encanto. É na estação mais quente do ano que as rotas oficiais de escalada são abertas ao grande público. A subida à montanha mais alta do país é uma das principais atrações de verão japonês. Quase 250 mil pessoas subiram a montanha de 3776 metros de altitude na temporada 2016, um aumento substancial que vem ocorrendo há alguns anos e foi impulsionado pelo reconhecimento da montanha como Patrimônio da Humanidade.

Apesar de relativamente segura e muito popular, a escalada do Monte Fuji exige alguns cuidados. A massoterapeuta Priscilla Kiguti, 39, subiu a montanha em 2015, após o convite de uma amiga. Ela estava passando por um momento de grandes mudanças na vida e decidiu fazer da escalada um rito de passagem. "Prometi a mim mesma que chegaria no topo, jogaria todos os problemas e preocupações na cratera e desceria para uma vida sem este peso nas minhas costas", relembra ela.

Priscilla, no alto do Monte Fuji: mudança de vida. (foto: acervo pessoal)

Na subida, porém, Priscilla foi percebendo que não estava fisicamente preparada para a empreitada que, dependendo da pessoa, pode levar durar até 6 horas. "Foi difícil. Precisei descansar e dormir uns minutos num determinado trecho", conta. Outro que encarou a primeira subida sem muito preparo foi Marcel Kato, 29, que foi acompanhado de um grupo de amigos. "Foi traumático. Não tínhamos noção de como era a escalada. Nossas roupas não eram adequadas e o excesso de alimentos atrapalhou muito", diz. A dificuldade na primeira tentativa serviu apenas de incentivo para novas investidas. Marcel está se preparando para a sétima escalada.

Marcel já subiu o Fuji seis vezes. (foto: acervo pessoal)

Subir sem preparo é uma das situações não recomendadas pelas autoridades que monitoram o acesso ao Fuji. "O Monte Fuji não é, de maneira alguma, uma montanha fácil", diz o site oficial da escalada que recomenda treinamento e preparação. A trilha é feita em superfície rochosa e, como se pode imaginar, com várias partes muito íngremes. Para não ficar mal na caminhada, a recomendação são calçados firmes, que aguentem o tranco da subida e protejam os pés e o tornozelo. Além disso, é ideal fazer a subida sem pressa e com intervalos de descanso. Do alto de sua experiência, Marcel recomenda alguns minutos, entre 5 e 10, em especial nos momentos mais críticos. "Se você fizer uma parada muito longa. Seu corpo esfria e bate o desânimo", explica.

Outra dica do site é com relação às vestimentas. Quem sobe ainda com a luz do sol, precisa ter cuidado com as queimaduras. É o que recomenda Arnon Yokoyama, 27, que escalou o Fuji em 2012. O rapaz, que subiu a montanha sozinho, indica manga comprida e jeans para proteger a pele, não apenas do sol mas, também, de ferimentos. "Tem rocha, musgos e gelo na rota", conta ele. As roupas também ajudam a manter o corpo aquecido. O verão no Japão costuma ser quente mas, à medida que se sobe a montanha, a temperatura começa a cair. No topo, não é incomum ficar abaixo de zero. Por isso, levar um agasalho é essencial. Além disso, como o risco de chover existe, ter capa de chuva e calça impermeável são uma boa ideia.

Arnon recomenda pesquisa para quem quer subir a montanha. (foto: acervo pessoal)

Previnir-se é muito importante mas é preciso, também, ter cuidado com o tamanho da bagagem. Por isso, é preciso escolher bem o que vai na mochila. Uma das recomendações é levar água. Comprar o líquido nas paradas da subida, mesmo que por um preço mais alto que a média, não é tão complicado. Porém, na descida, dependendo da trilha, a água fica escassa ou até inexistente. Barras de cereais, frutas secas e onigiri, uma espécie de bolinho de arroz, ajudam a espantam a fome e recarregam as energias sem fazer muito peso. O lanche é importante porque existem pouquíssimas opções de refeição nas paradas que servem, na maioria dos casos, lámen instantâneo. E é preciso pensar nos resíduos. "Não há lata de lixo. Tudo tem que ser trazido de volta", lembra Marcel.

Arnon recomenda, ainda, uma lanterna de cabeça. "Não tem poste de luz na trilha. A rota é na completa escuridão", diz ele. Já Priscilla e Marcel indicam uma troca de roupa leve. "Às vezes, a meia fica ruim no pé, a roupa também, porque você sua e o suor congela", lembra ela. "Aconselho uma camisa reserva para trocar lá em cima. Você sua muito durante o percurso e ficar lá em cima com a camiseta molhada não é nada agradável", diz ele. Outro item que costuma ajudar muito e é recomendado por quem sobe a montanha é o oxigênio enlatado. Com o ar ficando rarefeito, muita gente sofre do chamado mal da montanha que causa dores de cabeça e tonturas.

Nascer do sol é a recompensa de quem sobe o Fuji. (foto: Marcel Kato)

Mas, afinal, fazer tanto esforço vale a pena? Para Priscilla, a subida funcionou como um divisor de águas. "Você pensa na vida durante o trajeto", lembra ela que, depois da experiência, decidiu fazer um esporte e investir nas coisas que gostava de fazer. Arnon, que subiu para saber até onde iria sua resistência, parece ter saído da experiência mais autoconfiante. "Foi muito gratificante chegar ao topo porque essa foi uma meta minha que não poderia ser atribuída a ninguém menos que eu mesmo", conta ele. Já Marcel, que é apaixonado por fotografia, conta que a vista do topo da montanha é surreal. "Cena de filme! Ali está a recompensa de todo o esforço que você fez para chegar ao topo. A sensação de estar no ponto mais alto do Japão é fascinante. O céu durante a noite também é uma experiência incrível. O número de estrelas que você pode ver é fantástico", explica. Aliás, ele cedeu algumas imagens para este vídeo exclusivo.

Um recomeço, o limite da resistência ou fotografias incríveis: seja qual for a sua busca, a escalada do Monte Fuji promete ser uma experiência inesquecível em todos os sentidos.

 

Serviço

Escalada do Monte Fuji

Quando? do início de julho até 10 de setembro

Como? São quatro trilhas, em diferentes localidades. Chega-se de carro ou ônibus até a 5a. parada de cada trilha e, a partir de então, a subida é a pé. A trilha mais popular é a Fujinomiya. Apesar de ser considerada pedregosa e inclinada, é a rota que leva menos de tempo de subida (cerca de 5 horas). Por isso é, também, a trilha mais congestionada. Aliás, sábado é o dia de maior movimento. Evite.

Saiba mais: Acesse o site em inglês da subida do Monte Fuji.

Piti Koshimura conta sobre a subida do Monte Fuji no Peach no Japão.

Conheça o Marcel Kato através do Instagram.

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